Operação Gotham City prende ‘Charada’, apontado pela polícia como articulador de 50 mortes em Palmas


Suspeito foi preso em Passo Fundo (RS) e transferido para o Tocantins. Segundo a polícia, ele mudou de facção criminosa e declarou guerra ao antigo grupo. Criminoso foi preso no Rio Grande do Sul e transferido para Palmas
Ana Luiza Dias/Governo do Tocantins
O homem preso em Passo Fundo (RS) e trazido para o Tocantins nesta terça-feira (11) é apontado pela Polícia Civil como o principal articulador de pelo menos 50 assassinatos registrados em Palmas nos últimos meses. Ele é conhecido como Dad Charada e a operação foi chamada de Gotham City.
Compartilhe no WhatsApp
Compartilhe no Telegram
O advogado Zenil Drumond, que representa o suspeito, afirmou que não teve acesso à maioria dos inquéritos contra o cliente, que correm em segredo de justiça. Afirmou que quanto ao mandado que originou a captura ele é inocente. (Veja a nota completa abaixo)
Em 2023 a capital vem passando por uma onda de violência e assassinatos sem precedentes. Até o fim de junho deste ano, a cidade registrou 90 mortes. O aumento é de 210% se comparado ao mesmo período do ano passado, quando tinham sido 29.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) atribui mais de 60% das mortes à essa guerra de facções. Apesar disso, levantamento feito pelo g1 com dados da própria SSP, apontaram que mais da metade das vítimas de homicídio até 15 de maio não tinham passagem pela polícia.
“É ele um dos principais responsáveis, se não o principal, por essa série de mortes”, disse o delegado Eduardo Menezes, da Delegacia de Homicídios de Palmas, durante coletiva feita pela Secretaria de Segurança Pública nesta quarta-feira (12).
A investigação da polícia apontou que Charada teria começado no mundo do crime com desmanche de motos e tráfico. Durante muitos anos ele seria filiado a um grupo criminoso paulista que atua em todo país.
Delegado Eduardo Menezes (dir.) explicou como chegou até o suspeito
Loise Maria/Governo do Tocantins
LEIA TAMBÉM
Homem negro de até 30 anos e da periferia: o perfil dos mortos na onda de homicídios na capital do Tocantins em 2023
Suspeito de envolvimento em vários assassinatos no Tocantins é preso no Rio Grande do Sul
Só que recentemente ele passou para outro grupo criminoso de origem carioca e declarou guerra à sua antiga facção. A polícia afirma que os dois grupos atualmente travam uma guerra por controle econômico e de território.
Nesse contexto, Charada é apontado como o principal articulador da facção carioca e a estratégia adotada seria matar o maior número possível de lideranças rivais e recrutar os que restassem.
“Ele foi membro a facção paulista durante muito tempo. Então ele conhecia, tinha informações privilegiadas em relação ao local de trabalho, moradia e rotina. Ele fazia o levantamento da execução e acompanhamento da vítima. A margem de erro era menor porque o Charada tinha informações privilegiadas”, explicou.
Suspeito de articular mortes em Palmas era temido
Áudios interceptado pela polícia mostra criminosos falando sobre a disputa entre os traficantes:
“Os cara tá pensando que isso aí é uma guerra de facção, isso aí não é uma guerra de facção mais não mano. Isso aí é uma guerra pessoal do Charada, contra quem fez mal a ele. [inaudível] Aquele Curinga fez mal pra ele dentro da cadeia. Ele matou o Curinga e matou a mulher do Curinga. Ei, todo mundo que fez mal pra ele dentro da cadeia”.
Outra conversa mostra que ele era meticuloso e temido pelos traficantes:
Não faz as coisas na loucura. Ele não faz nada na loucura mano. Tudo dele é mapeado, arquitetado, estudado pra ele invadir pra pegar, entendeu? E o cara pega, ele só não vai pegar aí nessa capital, vou te falar bem aqui, só quem ele não quiser. Entendeu? Porque quem ele quiser matar, que estiver dentro da capital, ele vai matar. O cara é estudador, o cara lê livro, o cara estuda, o cara é um cara mapeador, pai. Se der um passo errado com ele, ele pega.
Suspeito de ser articulador de crimes na Capital era meticuloso
O secretário de Segurança Pública, Wlademir Mota Oliveira, afirmou que o grupo criminoso planejava matar pelo menos mais 100 rivais ao longo do ano. “A população pode ficar um pouco mais tranquila porque um grande criminoso foi tirado de circulação”, disse o secretário.
Dad Charada tinha fugido para o Rio Grande do Sul e conseguiu emitir documentos com outro nome. Ele até marcou uma audiência na Polícia Federal para tentar emitir um passaporte. O objetivo seria fugir para Portugal.
Ele foi preso pela Polícia Civil em um inquérito que investiga a morte de Wenesph Freitas da Silva, de 30 anos, e Giovanna Alessandra Ribeiro da Silva, de 23 anos, em janeiro do ano passado. Outros dois suspeitos do mesmo crime também estão presos.
Mesmo de longe, segundo a polícia, o suspeito continuava a comandar crimes em Palmas. “As facções criminosas não vão se sobrepor ao Estado. Existem outras lideranças e nós vamos chegar até elas. Não vamos deixar que essas facções dominem o estado”, garantiu o delegado.
O que diz a defesa
Primeiramente, a defesa esclarece que a advocacia é um sacerdócio, que prestamos um trabalho técnico na defesa de nossos constituintes, que não escolhemos causas para defender, que somos norteados pelo vício da defesa.
Quanto aos fatos que são imputados ao nosso cliente, esclarecemos que a maioria dos inquéritos nos quais ele está indiciado, estão em segredo de justiça graus 3 e 4, que ainda não tivemos acesso, e que por esse motivo, neste momento é prematura a eleição de tese de defesa, sendo necessário total e irrestrito acesso aos autos.
Quanto ao mandado de prisão que originou a captura de nosso cliente, esclarecemos que o mesmo é inocente, que entre os supostos autores, existem mais dois investigados, que supostamente atuaram na execução do crime, não tendo nada em concreto contra nosso cliente.
Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.

Bookmark the permalink.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *